Nem sempre lemos a Voz Portucalense. Muito menos damos atenção às cartas dos leitores.
Chamaram-me a atenção para uma delas e que a lesse com a devida atenção. Assim o fiz.
Li e meditei. Hesitei se deveria partilhar convosco esta leitura. Era sobre o Bispo do Porto, D. António Francisco, e o seu Natal junto dos “sós”. Estivera a consoar com eles na Paróquia de Campanhã. Em período natalício, jantou com os “sós” na Paróquia da Senhora da Conceição. Porém, estava-lhe reservado um outro almoço com os “sós”.
Dou agora a palavra ao Padre Lino Maia que relatou, desta maneira, o almoço de Natal do Senhor Bispo do Porto: «Continuou (D. António Francisco) no dia de Natal, na Missa da Catedral, onde "ousou" partilhar a alegria que sentira "em família com dezenas de pessoas sós". E viveu-o quando, "quase só", depois da celebração, se dirigia para o Paço e foi interpelado por um "sem-abrigo" que lhe pedia uma esmola para o seu almoço de Natal.
O Bispo parou para o encontro pessoal e para dizer que dinheiro ali não tinha, mas que o convidava para ser o seu único companheiro de almoço de Natal na Casa Episcopal.
Desfeita alguma desconfiança inicial, o pedinte aceitou o desafio e fez da casa episcopal a sua "casa de Natal" e do Bispo o seu companheiro e confidente para um Natal diferente.
Terminado o almoço, quase como quem quer antecipar os "Reis" e também quer saborear o respetivo bolo, o "companheiro do Bispo" ainda teve a coragem de lhe pedir mais uma ajuda para melhorar o seu visual e viu ser-lhe indicada a barbearia do Bispo como uma espécie de "estalagem" onde seriam deixadas moedas para continuar o seu tratamento e refazer caminho... Assim se faz Natal!»
Pe. Baptista