Tlim,
tlão! Tlim, tlão! Tocam os sinos… É
Domingo de Páscoa!
Já as cruzes calcorrearam caminhos
levando consigo a notícia aos pobres e aos desamparados”O Senhor está vivo e ressuscitado. Aleluia”.
Abriram-se portas que “verdes” assinalaram,
Jesus entrou nas casas mais e menos afortunadas, foi convidado a fazer-se
companhia dos tristes e sofredores e nem a cor das pétalas derramadas foi mais
forte que a alegria do evangelho que depois saiu porta fora acompanhada do
chilreio dos pequenos e grandes mensageiros que desembocaram na Igreja
Paroquial à Celebração da Páscoa do Senhor!
Sempre me sensibilizou a comoção com que
as pessoas, na sua maioria mulheres recebem a cruz de Jesus, por vezes
envergonhadas pelos homens ou jovens estarem menos presentes; como os
pequeninos olham desconfiados para um Cristo pregado na cruz, quando todos lhes
dizem que o devem venerar e beijar, e lhes dizem que afinal, afinal está vivo e
ressuscitado apesar dos seus lábios sentirem o corpo frio e metálico de um
crucifixo…que mistério é este? Muitos querem tanto receber que se antecipam ao
compasso para “que não fique esquecida a sua casa”, “que não ouviram as
campainhas”, “que não costumam estar”, mas este ano não hesitam em ficar - ano
difícil mesmo? – “que não vão à Igreja mas querem muito receber o Senhor e que
a água benta lhes livre a casa da má sorte, da doença e do sofrimento que lá
entrou”. Como era costume…querem dar do que é seu, mesmo
que sejam amêndoas ou dinheiro que dizemos não poder receber, que é para dar na
Igreja quando lá forem…
Tlim,
tlão! Tlim, tlão! Tocam os sinos… É
Domingo de Páscoa!
Sábado Santo - Vigília Pascal
A Vigília Pascal corta o silêncio e o
jejum do dia da expetativa da Ressurreição. A Igreja acolhe-nos na penumbra que
antecede a liturgia da luz, mas se pensávamos que a luz tinha chegado,
desenganamo-nos, pois continuamos a sentir o peso da escuridão durante toda a
História da Salvação, em que a palavra proclamada é entrecruzada pelo canto dos
Salmos, até que Ele vem e, finalmente, se canta Glória e ressoam os badalos das
campainhas por todo o povo. S.Paulo focaliza-nos na economia da Redenção,somos
batizados na morte e na ressurreição de Cristo…E as mulheres vão ao sepulcro
com bálsamos e perfumes e um jovem lhes diz que vão dizer aos discípulos que
Jesus não está morto mas ressuscitou! Segue-se a liturgia da água e invocamos a
todos os santos para que roguem por nós e a Cristo para ter piedade e nos
atender. Professamos a nossa Fé de vela acesa e chegamos à liturgia
eucarística, expoente máximo e razão de ser da nossa fé. E o cordeiro imolado é Jesus Cristo Senhor.Aleluia!
Reconfortamo-nos à mesa da eucaristia e, após uma breve ação de graças,
partimos para dizer a toda a gente que o Senhor ressuscitou.
Sexta-Feira Santa - Paixão do Senhor
Foi a tarde da Paixão do Senhor e de
todos nós…quantas vezes ajoelhámos em sinal de respeito e veneração… e aquela
Oração, para além de ser universal, parecia também eterna…onde nada nem ninguém
foi esquecido (nem os nossos joelhos…), ai de nós! A narração da Paixão foi estrategicamente
intercalada por Cânticos oportunos Por
nosso amor morreu o senhor… recomendou dar a vida em sinal de amor… que foi
o que Ele fez!
À noite, a Via-sacra surpreendeu as ruas
e os transeuntes, desde “As Escravas…” até à Igreja, passando pela alameda Eça
de Queirós e a praça Velasquez. Dos prédios, poucos desceram mas foram muitos
os que encheram a Igreja na última estação (14.ª Estação), depois de inúmeros
elementos (novos e velhos, leigos e religiosas) dos diversos grupos paroquiais
proclamarem excertos dos evangelhos, dos salmos e o diácono jovem protagonizar
uma via sacra na perspetiva do Cristo sofredor…Não foi uma via sacra de Cristo
mas uma via sacra com Cristo…
Quinta-Feira Santa - Ceia do Senhor
De manhã, na Sé, o nosso Bispo congregou
junto de si os sacerdotes da Diocese na renovação dos seus votos e, ao
entardecer, os fregueses das Antas vieram à Ceia do Senhor e ao lava-pés em
comunidade paroquial…Como já tem sido hábito, há algum tempo a esta parte, ao
lava-pés de alguns segue-se o lava mãos de todos com uma mobilização sem
precedentes de leigos “servidores” do jarro da água, da toalha e do limpar das
mãos, a medo como que a pedir licença para lavar das mãos toda a sujidade do
mundo…Por fim, acompanhamos o Senhor à sua morada por um dia, como que sepulcro
caseiro, na capela dos casamentos e foi tanta a euforia dos paroquianos à saída
que quase esqueciam o recato devido ao Santíssimo, ainda que oculto por amor. A
oração de laudes encheu as manhãs de Sexta-feira e de Sábado, esvaziadas de
cerebrações eucarísticas, apanhando os distraídos destas andanças.
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