sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Tertúlia sobre a simbologia das pinturas murais das capelas laterais da Igreja das Antas


 Pelo Prof. Avelino Rocha
Foi com a humildade dos verdadeiros conhecedores que, na noite da passada sexta feira (30/11), o Prof. Avelino Rocha nos falou de amizade, confiança, espírito e fé. Também nos falou de pintura! Mas sobretudo falou-nos da empatia que procura criar com a sua arte. É certo que não devemos passar superficialmente sobre o que nos rodeia, mas sendo a arte o expoente de síntese de todo um conjunto de sensações, requer um envolvimento intenso para que o observador entre na peça e se funda com ela. Isto é empatia! Pelo entusiasmo com que nos falou da intervenção inicial - e das várias estórias que a acompanharam, bem como da emoção que sentiu durante o cuidadoso restauro das mesmas pinturas, passados 50 anos - era notário que foi aquele princípio que o norteou em todo o seu trabalho na Igreja das Antas. Neste caso, a empatia de base ainda seria mais profunda por se tratar de um lugar de culto. A sua história humana iluminou-o na procura do caminho para a serenidade e a contemplação que o lugar necessitava. Nessa caminhada, foi acompanhado pelo espírito e pela fé, pelo que acredita que não fez essas obras sozinho. Fê-las em parceria. E que bela parceria! O resultado foi uma harmonia cromática e de formas. Um equilíbrio de contornos, de cheios e de vazios que só os mestres atingem! Foi também essa harmonia que lhe permitiu criar novos espaços ao prolongar as esculturas nos belos cenários das pinturas, tornando-as numa única obra de arte em cada um dos altares, e os seis numa composição, que, ao serem contemplados, nos deixam sempre experiências novas que vêm acompanhadas por uma paz interior reconfortante como aquela que sentimos ao pertencer a uma multidão que segue Maria no seu Altar. Se é de contemplação e de serenidade terrena, o trabalho dos altares, a altivez da tapeçaria do Batistério leva-nos para um mundo mais metafísico, onde um Lázaro ressuscitado nos dá a esperança de alcançar a água da vida simbolizada no poço de Jacob.
Ao ser um pouco de tudo isto, a Tertúlia também nos "tirou a sede" e nos ajudou a crescer e a ter orgulho no valioso acervo da Igreja das Antas.
Obrigado, Prof. Avelino Rocha!
(artigo de Agostinho Mendonça)
















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