TERTÚLIA 11 de março
“Uma cidade das pessoas para as pessoas”
Dr. Rui Moreira, Presidente da Câmara do Porto
No passado dia 11 de março (terça-feira), os 150 lugares sentados do auditório do Centro Social das Antas não foram suficientes para acolher todos os que compareceram para um momento de Tertúlia com o presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Moreira, a propósito do tema “A cidade das pessoas para as pessoas”.
Evocando a obra-prima do filósofo do Iluminismo Jean-Jacques Rousseau, O Contrato Social, o presidente da Câmara caracterizou, num primeiro momento, o Porto do passado - no qual as pessoas se entreajudavam, num modelo de cidade-colmeia - em contraste com o Porto atual, uma cidade em que a solidariedade entre os cidadãos se foi desvanecendo, substituída pela ideia utópica do Estado Social, o qual se responsabilizaria por responder às necessidades de todos, inclusive amparar os mais desprotegidos nas suas dificuldades.
Depois de mencionar alguns dos atuais problemas sérios do Porto, como o decréscimo populacional, o envelhecimento geracional, o desemprego - e sobretudo o desemprego jovem - Rui Moreira afirmou que muito do trabalho a fazer depende da sociedade residente. A verdadeira cidade, mais do que as suas estruturas materiais, são as pessoas - o património humano - e os portuenses têm potencial para reinventar a realidade, transformar o quotidiano da cidade e construir uma rede solidária.
Para garantir a cidade a todos os cidadãos residentes e assegurar que todos têm uma oportunidade é fundamental “trabalhar junto das instituições que estão junto das pessoas” e que tão bem conhecem o terreno.
Mudando os hábitos de cidadania, contando com cidadãos generosos e otimistas, é possível fazer do Porto uma “cidade confortável, atraente e interessante”, segura para os mais velhos e atrativa para os mais novos.
O presidente da Câmara terminava a sua intervenção dizendo que, para tornar a Cidade num “Porto de esperança”, todos os cidadãos são chamados a “transformar a sua terra numa terra arada”, onde uns são chamados a fazer a sementeira e outros a fazer a colheita, trabalhando todos em prol do bem comum.
No segundo momento do encontro, como previsto, os presentes tiveram a oportunidade de colocar questões ao presidente da Câmara Municipal. As intervenções versaram sobre problemas da Cidade e preocupações dos cidadãos residentes, como a política da habitação social e o direito à propriedade; os obstáculos à mobilidade na Cidade e a necessidade de garantir acessibilidades para
todos; o anseio de mais ética na atividade política; o papel fundamental da cidadania e da participação ativa da sociedade civil; a crise e as dificuldades que o associativismo vive atualmente; a estratégia e as medidas para contrariar a desertificação e combater os problemas socias mais graves, como a pobreza, o desemprego e a falta de esperança.
Falou-se ainda da história e importância da atual Obra Diocesana de Promoção Social, instituição que desenvolve no Porto um trabalho fundamental, precisamente ao nível da coesão social e da solidariedade.
A sessão foi encerrada pelo Padre José Lopes Baptista, Pároco da Antas, que agradecendo a disponibilidade e presença do presidente da Câmara Municipal, ofereceu também “a mão pequenina” da Igreja para ajudar a construir uma cidade mais das pessoas e mais para as pessoas.
A próxima Tertúlia é já no dia 18 de março (terça-feira), pelas 21h30, no auditório do Centro Social das Antas, com o Dr. Paulo Morais, para abordar o tema: “Corrupção: obstáculo ao desenvolvimento”.
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